terça-feira, 20 de março de 2012

brincando de médico

Alguns textos pra trás eu tinha citado o estágio fálico do desenvolvimento psicossexual, mas não me delonguei sobre o tema. Hoje, porém, gostaria de falar sobre algumas experiências que tive e que envolvem o assunto.
Uma das lembranças mais antigas que eu tenho, talvez lá pelos 6 a 8 anos (sou horrível com datas), é a de meu primo que é uns 3 anos mais velho que eu, se masturbando perto de mim e me deixando curioso com a situação. Lembro que, de tão curioso eu comecei a imitá-lo, sem muita noção do que estava fazendo, e lembro que ele falou que isso não funcionava com o meu. Não lembro, porém, se ele havia chegado a me tocar. Devo enfatizar que não considero que isso foi um abuso e nem os casos por vir.
Anos se seguiram, nos víamos sempre pois eu era bastante ligado ao irmão mais novo dele, 1 ano que velho que eu. Como garotos, la pelos seus 8, 9, 12 anos, tomávamos banho juntos quando um ia dormir na casa do outro, e as vezes o primo mais velho também, inocentemente (?), com a permissão dos pais. Talvez porque os pais dos meus primos fossem um tanto sovinas, eles permitiam sem muita resistência para economizar água e luz. A diferença (ou talvez não tão diferente), é que aconteciam brincadeiras que vistas por mim hoje, pudessem não ser consideradas tão inocentes.
Se tratava do famoso 'médico'. Os papéis eram alternados, hora de paciente, hora de médico, os problemas geralmente envolviam partes específicas do corpo, os diagnósticos eram sempre os mesmos e os tratamentos não eram muito convencionais e nem seriam aceitos pela Sociedade Brasileira de Medicina. Esses tratamentos envolviam afagos, fricções, hora ou outra uma boca era usada também, mas nada nunca contra a vontade.
Isso se estendeu por alguns anos mais, até que, de repente, simplesmente paramos. Sempre agimos como se nada tivesse ocorrido, nunca tocamos no assunto.
Por muito tempo eu considerei que essas brincadeiras pudessem ter sido a causa do que eu achava ser um desvio de personalidade. Tentei culpar essas experiências pela minha preferência por rapazes, pois, existe uma teoria na psicologia chamada cunhagem, que diz que crianças carregam as impressões que tem na infância como referências para a vida adulta. A ideia de prazer não é diferente. Como eu tive experiências com meninos na infância, a ideia de prazer que eu carregaria para a minha vida adulta seria a mesma. Felizmente, correlação não significa causalidade.
Há uns poucos meses, eu descobri outra teoria falando sobre essas experiências, dessa vez da psicanálise. Freud desenvolveu uma dessas teorias que trata dos 4 ou 5 estágios do desenvolvimento psicossexual dos humanos, os quais geralmente não são desenvolvidos de maneira satisfatória se o imediatamente anterior não tiver sido completo, ou se houver algum assunto mal resolvido específico de algum deles. São eles: oral, anal, fálico, latente e genital. Por exemplo, a fase genital, que corresponde ao início efetivo da vida sexual será consideravelmente prejudicada se existir algum assunto mal resolvido na fase fálica.
A teoria diz que a forma como uma pessoa completa cada estágio, ou das influências sofridas durante cada estágio, ditam algumas características da personalidade. O estágio fálico está relacionado exatamente à história descrita no começo desse texto. Ele ocorre em torno dos seis anos e é quando a criança toma consciência do próprio corpo e do corpo de outras crianças. Isso desperta a curiosidade que leva ao despimento e exploração do corpo do outro, inclusive seus genitais. Até já ouvi dizer que gays estão presos numa fase fálica eterna, mas não achei nenhum estudo sobre. Uma parte exótica nessa teoria diz que o filho disputa a atenção do pai ou mãe que seja do sexo oposto ao dele, e competições psicossexuais mal resolvidas lidam à traços da personalidade como agressividade, ambição e vaidade excessivas. Mas esse não é o foco.
Onde eu queria chegar com toda essa volta era dizer que o comportamento que eu apresentei quando era criança ocorre mais frequentemente do que eu imaginava. Os três primos com quem tive esse tipo de experiência namoram fêmeas hoje. Esse tipo de experiência geralmente não é compartilhado com ninguém, o que me dava a impressão de ter sido uma exclusividade minha, ou que fosse muito raro. Mas ao ter liberdade suficiente para conversar sobre esse assunto com algumas pessoas, inclusive meninas, e poder perguntar sobre as experiências fálicas delas, eu pude perceber que essas experiências são realmente comuns. Inclusive algumas pessoas que tiveram essas experiências se consideram heterossexuais, o que desmistificou o meu pensamento de culpar a minha homossexualidade a elas.
Bom, o que se passou aqui foi apenas uma troca de experiências, uma vez que já acho inútil especular sobre as causas ou motivos que me levam a me excitar por homens. Já especulei demais naquele texto sobre a causa, ali no cantinho direito. Isso porém não impede-nos de saber mais sobre teorias que tentam explicar a complexidade e unicidade do homem. Se pelo menos eu soubesse disso há alguns anos, teria evitado algumas frustrações pela falta de informação ao tentar explicar o que não necessita de explicação.
Quanto aos senhores, alguma experiência ou constatação do tipo?
Um abç.
N.B.

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